sexta-feira, 29 de julho de 2011

Entrevista a António Nogueira



Esta semana, resolvemos entrevistar algúem de fora do clube. Como tal , decidimos entrevistar o treinador da equipa do Chelo, o António Nogueira.
Desde já queria agradecer a disponibilidade e a simpatia demonstrada pelo António Nogueira ao aceitar este nosso convite de responder a algumas perguntas.
Porque não só se vive do talento técnico, aqui vai..



Nome: António Nogueira
Idade: 39 anos
Percurso:
2006/07 Chelo (6 jogos – 4 V – 0 E – 2 D) Divisão Honra A.F.C.
2007/08 Chelo (22 J – 7 V – 5 E – 10 D) Divisão Honra A.F.C.
2008/09 Chelo (20 J – 10 V – 2 E – 8 D) 1ª Divisão Distrital A.F.C.
2009/10 Chelo (28 J – 12 V – 4 E – 12 D) 1ª Divisão Distrital A.F.C.
2009/10 Chelo Iniciados (Finalista Vencido da Taça Encerramento)
2010/11 Chelo (Treinador Adjunto/Guarda-Redes).


1- Conta-nos um pouco do teu percurso no futsal…
Comecei no Futsal, na época 2002/03, ainda como Delegado, convidado pelos seccionistas da altura, para dar apoio aos Juvenis do Chelo. Mais tarde (2006/07), acabei por assumir o comando da Secção, para evitar que esta acabasse, uma vez que os homens que a tinham mantido estavam de saída, por motivos que só eles poderão explicar… isto coincidiu com a descida dos Nacionais da equipa sénior.
Na minha primeira época como Seccionista, dei como prioridade a implementação da formação dos jovens, para que no futuro se possa ter uma equipa sénior com pilares sólidos no âmbito da formação, acompanhando assim a evolução da modalidade, formação essa que até aquela altura, não existia, fazia-se só uma equipa de jovens para que estes estivessem “entretidos” e porque, segundo diziam os directores da altura, para terem uma equipa sénior nos Nacionais, era obrigatório ter uma equipa nas camadas jovens, daí a junção de uns “miúdos” para “brincarem ao futsal” no recinto de jogo.
Ainda nessa época e porque dos atletas seniores apenas cinco se tinham mantido, foi preciso procurar novos jogadores para se poder disputar o Campeonato. Muitos deles vieram do futebol, sem qualquer experiência no futsal (a não ser em torneios de verão) e outros subiram dos Juniores. Quanto á equipa técnica, precisávamos de um treinador, o que não era fácil arranjar, ainda por cima para trabalhar à “borla”, então a escolha recaiu sobre o Luís “Casaca”, indivíduo que tinha sido jogador e que se disponibilizou para desempenhar essa tarefa.
Nesse mesmo ano, houve um curso de treinadores de Futsal nível I, e tanto o “Casaca” como eu, decidimos participar e conseguimos chegar ao fim com aproveitamento. No entanto os resultados da equipa, não eram famosos e o Luís decidiu abandonar a sua função, assumindo assim o seu lugar, o então capitão de equipa, Cláudio Marques, que entretanto não quis ficar até ao final da época, temendo a divisão do grupo de trabalho, quando tivesse de tomar decisões mais duras. Foi então que a seis jornadas do final do campeonato, assumi os destinos técnicos da equipa, somando assim mais uma função ao meu trabalho no clube. Embora tivesse muito receio relativamente à minha prestação como treinador, porque não tinha experiência e ainda por cima estava a pegar numa equipa em lugares de descida e já no final da época, consegui com a ajuda dos atletas, garantir a manutenção, acabando o campeonato em oitavo lugar com 25 pontos, ganhando 4 jogos.
No ano seguinte e por ter gostado da experiência, continuei como treinador principal, aproveitando que a direcção do clube tomou conta da secção e me entregaram o comando técnico da equipa. Mesmo assim sabia que não tinha os conhecimentos suficientes para fazer uma campanha brilhante e embora tivéssemos sido consideradas uma das melhores equipas a praticar futsal, não evitámos a descida de divisão, em virtude da descida do Cernache dos nacionais.
Na época 2008/09, tentei fazer com que a direcção convidasse alguém com experiência para que o clube voltasse à divisão de Honra, até porque para mim era bom, aproveitava para aprender mais alguma coisa e ver formas diferentes de treino, mas mais uma vez por motivos financeiros, não se conseguiu “arranjar” ninguém e tive de ficar mais uma época. A mesma questão surgiu na época seguinte e mais uma vez, tive de ficar.
Na passada época, aí sim, apareceu o “Toninho” (António Santos) e pude ficar pela primeira vez como adjunto, situação que aproveitei para aprender e evoluir como treinador, é evidente que estamos sempre a aprender, mas a questão é que eu nunca tinha estado como adjunto de ninguém e esta foi uma oportunidade que eu não poderia deixar escapar. Quero aqui agradecer ao Toninho, que me “ensinou” coisas que eu não sabia nem iria tão cedo aprender, se não estivesse como adjunto de alguém.
Esta época vou regressar como treinador principal, e embora seja ainda um “maçarico” na matéria, já me sinto mais preparado, até porque aproveitei a época passada para me aprofundar mais em termos técnicos e tácticos. Vamos ver se as coisas correm bem...


2-Como te qualificas enquanto treinador?
Como te disse anteriormente, ainda sou inexperiente, mas com vontade de aprender e de evoluir, mas julgo que sou um treinador que nunca dá um jogo por perdido ou ganho, gosto que as minhas equipas lutem até ao fim e procurem fazer golos (afinal de contas, é esse o objectivo do jogo), que saibam manter a posse de bola quando necessário e gosto que pressionem o adversário quando não têm a bola, porque não ter bola é correr atrás dela e é não ter hipóteses de marcar.


3-Como se deu a tua chegada ao Chelo?
Eu casei em Chelo e como sempre gostei de desporto (quando mais jovem joguei Basquetebol, pratiquei Tae Kuon Do) fui-me chegando à colectividade e como esta só tinha Futsal e Futebol (esta já no final da sua existência), fui estando mais perto do Futsal, acabando por ser convidado para colaborar nos Juvenis.


4- Como são as pessoas de Chelo?
Muito complicadas, em Chelo são raras as pessoas da terra que fazem alguma coisa pela colectividade, mas as que de facto se dedicam, são muito competentes e apaixonadas pelo clube. As outras dedicam-se mais a falar mal de quem faz alguma coisa, mas isso penso que nos outros lados é igual.


5- O que se passou para o Chelo descer de divisão?
Se te referes à época que acabou, não sei, mas chegou-se a um momento em que os atletas se mostravam desmotivados e isso levou a que deixassem de aparecer aos treinos e consequentemente a que os resultados não aparecessem. Só para que tenhas uma ideia, nos últimos dois meses de competição, não se fez um único treino.


6-Quais são os teus objectivos para a próxima época?
Ainda não se sabe qual vai ser o quadro competitivo, mas se disputarmos a 1ª Divisão Distrital, o objectivo é subir e se nos deixarem, como campeões. Se disputarmos a Honra, então teremos de ser mais cautelosos nas nossas aspirações, mas olhando para a qualidade das equipas do ano passado, julgo que temos capacidade para ficarmos nos seis primeiro e até quem sabe nos quatro primeiros.


7-Para alcançar esses objectivos são necessários reforços para a tua equipa?
Sim, serão necessários reforços, mas também não serão precisos muitos, até porque não pretendo jogadores para fazer numero, o essencial será colmatarmos algumas saídas com jogadores de qualidade. Já temos alguns jogadores em agenda, falta-nos o sim deles.


8 - Quais são os teus objectivos para o futuro enquanto treinador?
Devido à minha profissão, não serão com certeza a de chegar a treinador profissional, mas o futuro a Deus pertence. Levo sempre a sério as actividades que me são confiadas e no futsal é igual, portanto para além do convívio, gosto de ser reconhecido pelo trabalho que faço, aliás como qualquer outro.


9 -Se tivesses que escolher um 5 base para as tuas equipas, qual seria?
Nunca pensei nisso, mas já que me pões a questão, cá vai: João Benedito, Caio Japa, Ricardinho, Falcão e Cardinal.


10- Ao longo destes anos Serpinense e Chelo tem travado grandes batalhas entre si. Como consideras os jogos entre estas duas equipas?
Essencialmente emotivos, na maior parte das vezes mal jogados, mas são sempre jogos de grande entrega de parte a parte e sempre com incerteza no resultado final. Deixa-me que te diga, comigo a treinador, o Serpinense apenas venceu uma vez para o campeonato (4-2 em Serpins na época 2009/10), uma vez para a Taça (0-2 em Chelo 2008/09) e empatou uma vez para o campeonato (3-3 em Serpins 2008/09 na 2ª Fase), de resto saí sempre vitorioso (na época 2008/09 em Chelo 5-4 e em Serpins 4-3 na 1ª Fase, 5-3 em Chelo na 2ª Fase e em 2009/10 em Chelo 1-0, todos para o campeonato. Para a Taça, em 2008/09 em Serpins 2-1), como vês todos eles, resultados equilibradíssimos.


11-Achas que o Serpinense tinha equipa para continuar na Divisão de Honra?
Muito sinceramente, julgo que não, não que não tivesse qualidade no plantel, mas o sistema de jogo que a equipa tinha, na Honra é complicado singrar, até porque as equipas são mais experientes e não permitiam ao Serpinense sair tão facilmente em contra-ataque. Se fizeres uma análise à época, verás que no inicio do campeonato o Serpinense andou no topo da tabela, fruto do contra-ataque mortífero, mas depois os adversários começaram a saber como jogavam e sendo um pouco mais pacientes, conseguiam impedir esses contra-ataques, o que obrigava a que a vossa equipa subisse mais no terreno, deixando muitas abertas nas costas, daí os resultados... Atenção que não quero ser mal interpretado, mas esta foi apenas a minha leitura do vosso campeonato.


12- A teu ver, quais achas os pontos fortes e os pontos fracos da equipa do Serpinense?
Como te respondi na pergunta anterior, julgo que a forte defesa atrás da linha 3, dando pouco espaço para que o adversário penetre em zona de finalização, foi de facto o ponto mais forte, pelo contrário, o mais fraco, julgo ser a pressão alta, que obriga os atletas a fazerem muitas faltas e permite muito espaço aos adversários.


13-O que achas do futsal em Coimbra?
O futsal em Coimbra está novamente a regredir, pelo menos, no que diz respeito às competições distritais e na camada de seniores. Primeiro porque os clubes não têm dinheiro, o que faz com que o investimento na modalidade diminue, obrigando a que os atletas com qualidade procurem clubes de outros distritos. Quanto às camadas jovens, julgo que aqui sim, se nota uma forte evolução, com créditos para os clubes que continuam a investir neste sector, formando bons jogadores, o problema continua a ser o aproveitamento que se faz desses atletas, mas isso é outra questão.
A falta de “competência” da AFC, também se reflecte, nomeadamente nos custos, na falta de dedicação à modalidade e na constante mistura do Futsal com o Futebol, na calendarização dos campeonatos, que continua a ser feita à revelia dos interesses da modalidade e sem consulta aos clubes envolvidos.


14- Queres destacar aqui 2 ou 3 pessoas de Coimbra ligadas ao futsal, pela sua qualidade e trabalho nesta modalidade? (jogadores, dirigentes, etc.)
Quero salientar o importante trabalho desenvolvido pelo professor João Veloso e pelo João Jorge no que diz respeito à formação de atletas, gostaria de salientar o trabalho da C.P.Miranda do Corvo e do C.S.São João também na formação de atletas. Relativamente a dirigentes, não estou a ver nenhum com serviços prestado à modalidade, que se destaque em relação a outros, pelo que estar a nomear um ou dois, poderia estar a ser injusto para com outros e não o pretendo fazer.


15 -Gostarias de dizer mais algo que ficou por dizer?
Apenas quero referir as boas relações que tenho com todos os envolvidos nesta modalidade, o convívio que se gera antes, durante e no final de cada jogo, o que é sempre salutar e desejar a todos uma boa época desportiva, com fair-play e o mais importante, que ninguém se aleije.


16- Deixa uma última palavra a todos os amantes do Futsal …
Quero pedir a todos para não desistirem de uma modalidade tão apaixonante como é o futsal, mesmo nestas alturas de crise e mesmo que as instituições com competências, tenham a tendência de apoiar mais outras modalidades que nada têm a ver com o futsal, na ignorância de pensarem que é tudo o mesmo.


E assim chegamos ao fim de mais uma entrevista…
Volto a agradecer o contributo do António Nogueira por ter dado um pouco do seu tempo a todos nós. Esperamos também que tanto Serpinense como Chelo continuem a proporcionar grandes jogos entre si e que no final todos alcancem os seus objectivos !


Tiago Adelino

4 comentários:

Anónimo disse...

Parabéns ao Nogueira, um exemplo de Fair-Play. Parabéns também ao entrevistador, que tem vindo a desenvolver um bom trabalho.

Anónimo disse...

SÓ ESPERO QUE O NOGUEIRA TENHA MAIS SUCESSO NO FUTSAL DO QUE NA PROFISSÃO DELE!!! NÃO DEVE SER DIFICIL...LOL

Telmo Santos disse...

Boa entrevista ;)

Joel1Oliveira disse...

este ano prometo trabalhar :p